sábado, 5 de outubro de 2013

Baby Blues – O que é isso??

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Hoje resolvi falar de um assunto de extrema importância e muito banalizado por quem não passa por isso. Graças à Deus não tive essa alteração, mas acompanhei várias amigas próximas que não tiveram a mesma sorte e vi o quanto é difícil esse momento para a mulher.

O Baby Blues ou Blues Puerperal é um distúrbio que afeta muitas mulheres nos primeiros dias pós-parto, onde a presença do parceiro e da família é muito importante para a recuperação da mãe.

Minha grande amiga Maria Cecília Mattos, psicóloga e autora do blog Maternidade no Divã, fala um pouco sobre esse distúrbio:

“O baby blues é um distúrbio transitório de humor que tem início nos primeiros dias após o parto. Geralmente a incidência dos sintomas diminui a partir do décimo dia do puerpério. No Brasil, 50% a 80% das mães sofrem do baby blues. Por ser tão comum, alguns autores acreditam se tratar de uma condição fisiológica. O pós-parto é, naturalmente, um momento de fragilidade psíquica.
O baby blues se caracteriza por um estado de fragilidade e hiperemotividade. Normalmente os sintomas depressivos são leves e são acompanhados de irritabilidade, tensão, indisposição, tristeza e sentimentos de inadequação – falta de confiança de sua capacidade para cuidar do bebê. Essa alteração no humor é coerente com a elaboração psíquica que acontece nessa fase: transformação da filha em mãe, alterações corporais, conciliação da vida sexual com a maternidade, etc.
Por não comprometerem o funcionamento social e a relação mãe-bebê, é comum que esse quadro seja confundido com as alterações hormonais comuns a todas as gestantes, e passe despercebido.
A família tem um papel fundamental para auxiliar a mãe nessa fase de tristeza. A compreensão e o apoio dão segurança para essa mulher que, além de lidar com os sentimentos negativos, ainda convive com a culpa de não estar sentindo o que é idealizado pela mídia e pela sociedade: um sentimento de completude, de realização, de elevada auto-estima. Quando um bebê nasce, nasce também uma mãe. Ou seja, do mesmo modo que o recém nascido leva um tempo para se habituar a sua nova rotina e à vida no mundo real, essa “mãe recém-nascida” precisa ser aceita e compreendida para poder adaptar-se e assumir psiquicamente esse novo lugar.
A remissão dos sintomas é, geralmente, espontânea. Mas, atenção! Se o baby blues persistir por mais de três semanas, é conveniente realizar uma avaliação médica e psicológica, pois isso pode apontar para uma depressão pós-parto. O blues puerperal é um fenômeno trivial e fugaz, tão comum a ponto de ser considerado normal, e ele precisa ser distinguido da depressão pós-parto mais grave e prolongada.”

A Paula é uma grande amiga minha, que passou por esse período tão complicado e, graças ao apoio da família e do marido, conseguiu se recuperar e continuar cuidando do seu Francisco. Ela conta um pouco como foi essa fase:

“Tive uma gravidez muito tranquila. Não tive enjoo, cólica, dor, desejo... Engordei pouco e foi tudo muito saudável, com isso, me preparei o máximo para ter parto normal, porém, quando cheguei na 40ª semana o meu filho ainda não tinha encaixado e fui obrigada a fazer cesariana. No dia anterior ao parto, eu não consegui dormir, a ansiedade era gigante porque finalmente eu tinha certeza de que veria a carinha do meu bebê, mas quando chegou a hora eu detestei o procedimento, a sensação das pernas dormentes me deu um mal estar enorme, tive muito enjoo durante o parto e me senti muito mal. Claro que na hora que escutei o choro do bebê tudo passou, mas o parto foi muito cansativo... Talvez seja isso que desencadeou em mim o que chamam de Blues Baby ou Blues Puerperal.
No primeiro dia só recebi pessoas muito próximos, e tentei descansar, mas a ansiedade era muita e eu continuava sem dormir. No segundo dia, eu estava ainda mais cansada, e a insegurança começou a bater forte em relação a amamentação, medo de não conseguir alimentar o meu bebê, dele emagrecer demais, e etc... Para pior ainda recebi um monte de visitas e a noite estava parecendo um zumbi. Não deu outra, sem motivo nenhum aparente, comecei a chorar, eu estava vivendo o momento mais lindo que uma mulher pode viver, mas chorava muito. Tive muito medo de não corresponder a responsabilidade que ser mãe exige, de não dar conta de cuidar do bebê, um monte de coisas se passavam pela minha cabeça. Além disso, para pior, estava tendo uma obra na frente ao hospital que eu estava e que não me deixava descansar a tarde.
O pior sentimento era o da tristeza, eu sou uma pessoa muito alegre, que não costuma estar de mau humor, ou chorando... Estou sempre dando risada, fazendo amizade, conversando com desconhecidos, mas naquele momento, parecia que eu não era eu, nunca tinha chorado por tantos dias seguidos, ou ficado triste sem motivo. Eu simplesmente, não estava me reconhecendo, sentia um amor profundo pelo meu filho e por aquele momento da minha vida, mas também me sentia culpada por não estar 100% pronta para ser mãe.
No terceiro dia, eu ainda sem dormir, comecei a tremer... Só de pensar que estava chegando a hora da amamentação eu tremia da cabeça aos pés, também me sentia presa no quarto pequeno da maternidade e parecia que em vez de melhorar, eu estava piorando, suspendi todas as visitas e a minha mãe ligou para a minha médica, que explicou que tudo o que estava passando era por conta dos meus hormônios, e com isso, comecei a tomar um remédio (que depois descobri que é muito comum entre as mamães)...
Até que na ultima noite no hospital eu tive a ideia de chamar uma enfermeira às 4 horas da manhã para conversar. Com toda paciência do mundo, ela me escutou, perguntou o que eu estava sentindo, e eu disse que tinha muito medo de não saber como cuidar do meu bebê, ela então me ofereceu um serviço de Baby Care, procurou uma enfermeira que pudesse me ajudar, e então eu descobri que muitas das enfermeiras do hospital faziam o trabalho extra de ir casa da paciente ajudar nos primeiros dias, ensinando a dar banho, trocar fralda e etc, eu achei que não conseguiria pagar, mas foi um preço muito justo, e agendei para que a enfermeira fosse na minha casa naquele mesmo dia, aquilo foi o começo da minha melhora.
Sai da maternidade no quarto dia, ao meio dia, mesmo assim todos estavam preocupados comigo, e os funcionários do hospital foram incríveis, uma psicóloga foi conversar comigo, me explicou mais uma vez sobre a questão hormonal e me garantiu que tudo ia melhorar se eu conseguisse descansar, era meu quinto dia sem dormir e eu nunca tinha me sentido tão mal. Eles ainda me deram uma série de soluções para a amamentação, que era naquele momento, o que mais me preocupava, o meu filho mamava demais, e os meus seios já estavam dando sinal de rachadura.
Meu marido ficou comigo o tempo todo, me dando toda a força que é possível alguém dar, ele estava cuidando do meu filho e de mim ao mesmo tempo, claro que estava super preocupado, mas não demonstrou fraqueza em momento algum, segurou uma barra, que eu nunca vou esquecer... Só de entrar no carro, eu já fiquei muito melhor, passou o barulho da obra, que até então era praticamente contínuo, e eu estava começando a relaxar, quando cheguei em casa, dei de mamar sozinha, só eu e meu filho, o nosso momento, e depois o deixei aos cuidados do meu marido e fui descansar, consegui dormir na minha cama, por três horas seguidas até a próxima mamada e acordei outra pessoa. Aquele também foi o primeiro dia da enfermeira que eu havia contratado e que foi essencial, ela me deu segurança. Me ensinou a massagear a mama, que estava totalmente empedrada, dei o primeiro banho do bebê, e aprendi a trocar fralda e tudo aquilo que eu precisava aprender naquele momento.
A minha melhora não se deu de um dia para o outro, mas aos poucos eu fui me adaptando, eu ainda chorava ao anoitecer, mas aos poucos a sensação de tristeza foi passando. Foi essencial o fato de terem pessoas me ajudando. No começo eu me sentia culpada por não estar cuidando sozinha do meu Bebê, mas meu marido estava junto e me apoiando bastante, ele conseguiu tirar férias, e ainda tinham minha mãe e a minha sogra que puderam ajudar. O meu Bebê até hoje é abençoado e praticamente não dá trabalho nenhum, chora pouco e dorme bastante, porém, mama demais, meus seios demoraram três meses para cicatrizar, as rachaduras vieram fortes, mas essa é uma outra questão... Até hoje, quatro meses depois, a amamentação não é uma coisa simples para mim, mas eu aprendi a me adaptar e a ter força, pelo meu Bebê, ainda tive uma pequena crise de Blue Baby quando meu filho completou três meses, mas hoje me sinto muito mais forte e preparada para passar por isso.
Ser mãe é a coisa mais linda e abençoada que uma mulher pode ter na vida, mas, na minha opinião, é também a mais a difícil. Eu acho que por mais que você se prepare, nunca está 100% preparada para o que pode vir. Também aprendi que é preciso aceitar as circunstancias, paciência se você quer ter um parto normal, e a vida te faz ter uma cesariana. Chupeta, mamadeira e outras coisas não são demônios e podem te ajudar, o importante é que você e, principalmente, o Bebê estejam bem.... e sejam felizes!
P.S. Alguns dias depois, quando eu já estava melhor e minha médica me explicou o que havia acontecido, eu pesquisei melhor sobre o Blues Baby ou Blues Puerperal e descobri que é algo muito mais comum do que se imagina, mais de 50% das mães de primeira viagem passam por essa tristeza profundo, também conhecida como “Melancolia Pós Parto”. Também é importante saber que o Blues Baby ou Blues Puerperal é diferente da depressão pós parto.
P.S.2 Eu nunca tinha escutado falar sobre isso antes, se você se identificou com a minha história, ou está gravida, converse sobre isso com as pessoas e com o seu médico. Eu acho que seria muito mais fácil passar por esse processo se eu soubesse que isso existia... “

E você? Passou por algo parecido e quer dividir conosco como foi? Manda pra quemestachegando@gmail.com

Gostaria de agradecer imensamente à Paula e à Maria Cecília, pela contribuição neste post com um assunto tão importante. Muito obrigada, meninas!!! =)
















6 comentários:

  1. Nunca tinha ouvido falar sobre!
    Gostei muito da postagem!

    Beijo!

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    1. Que bom que gostou, Giógia! A idéia é informar mesmo. Apesar de ser muito comum, não é tão falado. O assunto é super sério e poder ajudar alguém que pode estar passando por isso é muito importante.
      Muito obrigada!!
      Beijos!!

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  2. Estou passando por essa fase. É horrível!
    Já havia escutado sobre isso, mas não poderia imaginar o quanto é péssimo. Minha bebê nasceu dia 10/05/15 esto sob cuidados e orientação médica e tomando remédio fitoterápicos.

    Bem melhor agora...

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  3. Estou passando por essa fase. É horrível!
    Já havia escutado sobre isso, mas não poderia imaginar o quanto é péssimo. Minha bebê nasceu dia 10/05/15 esto sob cuidados e orientação médica e tomando remédio fitoterápicos.

    Bem melhor agora...

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  4. Excelente artigo!
    Eu, apesar de ser homem, me interessei muto no assunto pois minha esposa está passando por isto então passei a tomar conhecimento.
    Pretendo escrever algo sobre. Parabéns!

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